Diagnóstico precoce pode salvar a visão, diz especialista barretense

A dra. Daniela Monteiro de Barros, médica oftalmologista especialista em Glaucoma, explica sobre a campanha Maio Verde, que alerta sobre esta doença ocular crônica e progressiva que danifica o nervo óptico. Na entrevista a seguir, ela orienta sobre tratamento, sintomas e fatores de risco, entre outros aspectos.  Confira:

O DIÁRIO: O que é o Glaucoma, afinal?

DRA. DANIELA: Glaucoma é uma doença ocular crônica e progressiva que danifica o nervo óptico, responsável por levar as informações visuais do olho até o cérebro. Na maioria dos casos, está relacionada ao aumento da pressão intraocular. Com o tempo, esse dano pode levar à perda de campo visual e, se não tratado, à cegueira.

O DIÁRIO: O glaucoma tem cura?

DRA. DANIELA: Infelizmente, não. O Glaucoma não tem cura, mas tem controle. Com diagnóstico precoce e tratamento contínuo, é possível preservar a visão e garantir qualidade de vida ao paciente. Por isso, a detecção precoce é fundamental.

O DIÁRIO: A doença é silenciosa? Quais são os sintomas?

DRA. DANIELA: Sim, na maioria dos casos o Glaucoma é completamente assintomático nas fases iniciais. O tipo mais comum, o Glaucoma de ângulo aberto, evolui de forma silenciosa - sem dor, sem vermelhidão, sem alterações perceptíveis na visão. Quando o paciente percebe a perda visual, geralmente já houve dano significativo. Por isso o exame preventivo é tão importante.

O DIÁRIO: Quais são os fatores de risco para desenvolver Glaucoma?

DRA. DANIELA: Os principais fatores de risco incluem aspectos como histórico familiar de Glaucoma, idade acima dos 40 anos, pressão intraocular elevada, miopia ou hipermetropia altas, uso prolongado de corticoides, diabetes e descendência africana ou asiática. Quem se enquadra nesses grupos deve redobrar a atenção.

O DIÁRIO: Como é feito o diagnóstico da doença?

DRA. DANIELA: O diagnóstico é feito por um oftalmologista especialista em Glaucoma, com base em exames como a tonometria (que mede a pressão intraocular), a fundoscopia (avaliação do nervo óptico), a campimetria visual (que verifica o campo de visão) e exames de imagem como a tomografia de coerência óptica (OCT). O exame do fundo de olho é essencial, especialmente em campanhas como a do Maio Verde.

O DIÁRIO: Qual é o tratamento para o Glaucoma?

DRA. DANIELA: O tratamento depende do tipo e do estágio da doença, em geral, o controle se faz com laser, colírios ou em alguns casos, pode ser necessário recorrer a procedimentos cirúrgicos. O mais importante é que o tratamento seja contínuo e acompanhado de perto por um especialista.

O DIÁRIO: O Glaucoma pode atingir crianças ou jovens?

DRA. DANIELA: Sim, embora seja mais comum após os 40 anos, existem formas de Glaucoma congênito (presentes ao nascimento), infantil, juvenil e Glaucomas secundários, dessa forma podemos afirmar que Glaucoma não tem idade, por isso é essencial buscar avaliação oftalmológica desde o nascimento.

O DIÁRIO: Como a população pode participar da campanha Maio Verde?

DRA. DANIELA: A melhor forma de participar é se informando, compartilhando conhecimento e, claro, realizando exames preventivos. Muitas cidades oferecem mutirões de exames gratuitos durante o mês de maio. Além disso, é importante incentivar familiares — especialmente os mais velhos — a fazerem o acompanhamento oftalmológico regularmente.

O DIÁRIO: Qual mensagem para a população neste Maio Verde?

DRA. DANIELA: Minha principal mensagem é não esperar ter sintomas para cuidar da sua visão. O glaucoma pode ser silencioso, mas as consequências são sérias e irreversíveis. Visitar o oftalmologista pelo menos uma vez ao ano é um ato de autocuidado. O diagnóstico precoce pode salvar a sua visão.